Apaixonei-me por livros no dia em que fiz seis anos e os meus pais me ofereceram o livro da Cinderela. Na verdade, foi o meu primeiro livro a sério, com letras e não só imagens. Todo um admirável mundo novo surgiu diante dos meus olhos naquele dia quente de Verão. A um mês de entrar na escola primária, já ia conseguindo juntar algumas letras e ler de forma lenta e rudimentar. Aquele livro foi a alavanca certeira para que exigisse que o meu pai, ao serão, me ensinasse a ler o mais depressa possível. Queria ler aquele pequeno livro de fio a pavio, sem os entraves próprias de uma criança de seis anos. E assim foi. Passado pouco tempo já lia a Cinderela várias vezes por dia e começou assim a minha paixão desenfreada pelos livros.
A cada Natal ou aniversário, escolher um presente para mim era sempre fácil: livros. Cresci rodeada deles e sempre na ânsia de conhecer cada vez mais histórias e cada vez mais autores. Numa infância e adolescência marcadas por alguns percalços, os livros tornaram-se no meu escape e ler equivalia refugiar-me num mundo só meu, onde viajava e degustava novos lugares e sentimentos sem sair do sítio.
A par dos livros de ficção e dos grandes romances dos grandes autores, acompanhou-me o amor à poesia. Com sete anos, escrevi as primeiras quadras: infantis, rudimentares mas já um presságio de que os versos iriam acompanhar-me pela vida fora. Com quinze anos, num trabalho da escola, escrevi o Frei Luís de Sousa em verso, o que me valeu elogios rasgados do professor e uma nota muito alta no final do ano lectivo.
Ironicamente, e contra todas as expectativas, não fiz das letras a minha área de estudos. Por vezes, o destino é traiçoeiro e a teimosia faz-nos ir contra aquilo que realmente queremos. No entanto, esta paixão latente, este amor desmedido aos livros continuou em mim, atravessando todas as fases, todas as batalhas e todos os momentos destes trinta anos de vida.
Acredito que os livros têm o poder de nos salvar. De nos curar. De nos levar para fora de nós, para lugares longínquos onde podemos mergulhar a alma sem medo nas emoções que sentimos. Acredito que uma vida rodeada de livros e uma vida mais feliz, mais preenchida. Por isso, depois de tantos anos a pensar no assunto, decido criar este blogue totalmente dedicado aos livros.
E porquê Folhas de Chá? Porque, no Natal passado, duas das pessoas que mais me recomendam livros e que partilham desta minha paixão literária, ofereceram-me um livro e uma chávena de chá acompanhada da seguinte nota: para ler folhas de chá. Naquele momento soube que, quando tivesse o meu blogue de livros, chamar-lhe-ia precisamente Folhas de Chá. E aqui estou eu, com uma vontade imensa de partilhar convosco os livros que vou lendo, aqueles que me tocam de forma especial, as descobertas e as surpresas.
Este não é um blogue técnico nem crítico, nem pretende sê-lo. É um espaço de partilha, onde falarei dos livros segundo aquilo que me fizeram sentir, segundo as emoções que me fizeram viver e segundo aquilo que o coração ditar.
Sejam bem-vindos e boas leituras!
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