12 de agosto de 2018

O Ano Sabático - João Tordo


[SINOPSE]

Louco de solidão.

Talvez seja esta o sentimento em forma de frase que predomina neste livro. Louco de solidão. Quem nunca se sentiu assim, louco de solidão? Como se, por mais que tivéssemos, nos faltasse algo. Sempre. Todos os dias e a todas as horas. Como se nos faltasse um membro, metade do coração ou parte da alma. Como se nos faltasse o que nos complementa.

O Ano Sabático é precisamente uma reflexão sobre essa busca incessante pela outra parte de nós, seja ela uma pessoa, um caminho, uma paixão, um sonho a perseguir, uma melodia inacabada. Acreditamos desde sempre que somos inteiros. A maioria de nós faz dessa ideia verdade absoluta. No entanto, há aqueles que, logo à nascença, são condenados a uma melancolia constante sem motivo aparente ou plausível. Alguns de nós, passam a vida em busca de algo. Como se não conseguissem ser sem essa parte que lhes falta. E procuram, procuram, procuram. E os dias transformam-se em maratonas em busca de algo que nem sabemos bem o que é. E essa procura desenfreada, se não doseada com calma e bom senso, pode levar-nos à loucura e ao desfecho inglório de partirmos sem termos encontrado o que nos faltava. E é triste chegar ao fim com a sensação de fomos pela metade. É um sofrimento atroz e tristíssimo.

Em termos mais técnicos, podemos dizer que é um livro denso, triste, introspectivo. Tal e qual como eu gosto. Este Ano Sabático em particular faz-me muito lembrar alguns livros de outro dos meus escritores preferidos: Paul Auster. Consigo encontrar alguns paralelismos interessantes entre João Tordo e Auster, nomeadamente a reflexão sobre o sentido da vida, sobre a fraternidade, sobre os fantasmas que nos atormentam e sobre a necessidade de os expiar.


Boas leituras!

Sem comentários:

Enviar um comentário