A história de D. Francisca de Bragança é uma história de amor, como tantas outras. Uma história de júbilo e dor, de perdas e reconquistas, de guerra e de paz. É gesta de uma princesa atrevida e impetuosa, que trocou a placidez das reuniões familiares da corte novecentista pelo bulício e a estúrdia das noites de Paris.
Este livro narra a história de D. Francisca de Bragança, filha de D. Pedro IV (Imperador do Brasil) e irmã da rainha D. Maria II (a querida Mana Chica de D. Maria da Glória, rainha de Portugal). Francisca nasceu no Rio de Janeiro, perdendo os pais muito cedo, sendo a sua educação entregue às suas amas e damas de companhia. Cresceu fechada num palácio desprovido de afectos, mas nem por isso deixou de se tornar numa criança irreverente e um tanto rebelde, que não tinha filtro quando chegava a hora de partilhar as suas convicções.
Com apenas treze anos, perde-se de amores por D. Francisco d'Orléans, filho dos reis de França e, anos mais tarde, casa-se com ele, por amor. Após o casamento, parte para Paris, onde todo um mundo novo lhe é apresentado. Juntamente com o marido, Francisca, a Belle Françoise,entrega-se aos prazeres da noite parisiense e a uma vida boémia e pautada pela sede de liberdade e conhecimento, privando com artistas e pensadores, entre eles Victor Hugo. Devido à queda da monarquia em França, Francisca e a família partem para o exílio em Inglaterra, onde vive durante vinte anos, regressando, por fim, à sua adorada Paris.
A história de D. Francisca tocou-me pelo facto de ter vivido uma vida feliz e um casamento de amor que durou até ao fim dos seus dias, coisa tão rara naqueles tempos, em que os casamentos eram forçados, sem amor e pautados por infidelidades constantes.
Este livro não tem uma carga emocional tão intensa como outros romances históricos que já li. E foi isso que me faltou, quer na primeira, quer na segunda leitura. Na minha opinião, esta história poderia estar mais aprofundada e as emoções mais exploradas. No entanto, continuo a considerar que é um bom livro. E D. Francisca é apaixonante, uma mulher que não perdeu nunca a criança terna, sonhadora e rebelde que havia dentro de si.
Amparou-a nos seus braços. Procurando animá-la, recordou-lhe certos episódios divertidos que juntos viveram no seu longo passado a dois. Ela esboçou um sorriso. Quedaram-se então ambos numa prolongada quietude noite adentro. Lá fora, o vento e a chuva fustigavam levemente a vidraça. o verão da Princesa do Brasil ainda tardava. A noite adormeceu inquieta.
Sem comentários:
Enviar um comentário