8 de julho de 2019

Cai a Noite em Caracas || Karina Sainz Borgo


A minha obrigação era sobreviver.

Talvez esta seja a frase que melhor resume este Cai a Noite em Caracas, de Karina Sainz Borgo. Porque trata-se de uma história de sobrevivência. De luta. De resiliência. E de um recomeço diário.

Numa Caracas sob o fogo de um regime violento e austero, onde predomina a lei do mais forte, Adelaida, uma mulher sozinha no mundo, vê a sua vida virada do avesso e a sua única missão resume-se à luta pela sobrevivência. Para isso, terá de recolher as emoções e vestir uma armadura de ferro, quebrando valores e usurpando identidades, se não quiser acabar estendida num canto qualquer crivada de balas.

Fome, medo, violência, tortura, repressão, barbárie, desumanidade. Ao longo deste livro, foi tudo isto que fui observando, longe de conseguir sequer imaginar, neste meu canto confortável, o que será viver sob tais condições. Quando vivemos em paz e liberdade, é-nos duro tomar consciência desta realidade que nos é tão distante, que parece apenas a história de um livro mas que é, infelizmente, a história de muitos venezuelanos neste momento. Um autêntico murro no estômago que me deixou a reflectir durante algum tempo.

Mais uma vez, obrigada à Gosto de Ler por me ter proporcionado esta leitura. Para quem quiser ficar a conhecer um pouco melhor a dura realidade de um país sob repressão, aconselho a leitura deste livro. Fica, desde já, o aviso de que é uma leitura difícil, no entanto, necessária para nos tirar da nossa bolha de conforto e nos fazer perceber o quão desumano pode ser o mundo (e aqueles que nele têm sede de poder).

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